Mello fundou a FMS Gestão Esportiva, empresa que gere a carreira de vários jogadores do futebol brasileiro. Matheus Henrique, do Cruzeiro, Gabriel Veron, do Santos, Rafael, do São Paulo, e Mayke, do Palmeiras, estão entre os atletas representados pela FMS.

Em entrevista exclusiva ao Flashscore, Fabio Mello contou os detalhes que o transformaram em um dos principais agentes esportivos do Brasil, desde a aposentadoria dos gramados até a captação de jogadores. Confira os principais trechos abaixo.

Como foi a transição de carreira de jogador para agente?

A minha carreira como atleta me deu a oportunidade de viver diversas realidades. E o fato de ter jogado em clubes de maiores proporções e também em outras divisões me deu uma realidade que acredito ser meu principal ativo como empresário. A minha transição para agente foi muito natural. Quando encerrei minha carreira como atleta, a primeira atitude que tive foi a convicção de que ali eu estava encerrando um ciclo e, ao mesmo tempo, a certeza de que precisava me preparar para um pós-carreira.

Era algo que já passava pela cabeça quando estava em campo?

Eu não imaginava que seria agente enquanto jogava. Eu tinha certeza de que continuaria no futebol, mas ainda não sabia em qual posição. O que me passava pela cabeça como um caminho natural seria de gestor esportivo. Tanto é que o curso que fui fazer era de gestão esportiva, e depois fiz uma pós-graduação em administração e marketing esportivo. O fato de ter me tornado empresário foi consequência das minhas relações construídas dentro de campo.

Dois grandes amigos com quem joguei, Victor, hoje executivo do Atlético-MG, e Réver, zagueiro, pediram para que eu centralizasse os interesses das carreiras deles quando despontaram no Paulista de Jundiaí, em 2007. Foi ali que vesti a camisa de agente e iniciei essa nova atividade. E foi  muito importante a minha iniciativa de qualificação para que, quando a oportunidade dessa transição de carreira aparecesse, eu estivesse preparado. A formação acadêmica com a experiência de campo é um combo perfeito para atuar na indústria.

Como foi o início na carreira de agente?

Meu início como agente foi dois anos depois de encerrar o ciclo como atleta profissional. Nesses dois anos, minha única dedicação foi um investimento em mim, na minha qualificação. Todos os dias eu estudava, buscava meu diploma e, depois, consegui me pós-graduar, algo de que tenho muito orgulho.

Passou por alguma dificuldade ou desafio que guardou de aprendizado?

A maior dificuldade desse período é que você não sabe em que momento a oportunidade virá. Administrar essa ansiedade e até mesmo o caminho que você vai seguir nessa transição é o mais difícil. Hoje, como agente, eu contribuo para a transição de alguns atletas, sejam eles expoentes ou que tiveram carreiras similares à minha. Qualquer tipo de transição e encerramento de ciclo é muito difícil. Conseguimos ajudar e fazer com que o atleta entenda que esse processo é normal.

O mais importante é seguir se qualificando, mantendo as relações próximas e buscando oportunidades. Mas o período da transição, até chegar a oportunidade de seguir a vida profissional em outra função, é a grande dificuldade desse momento.

Como funciona seu trabalho na captação de atletas? Prefere garimpar na base ou negociar com jogadores que já estão no profissional?

Esse é um tema muito importante porque a legislação da FIFA e da CBF é muito clara: a relação oficial entre um agente e um atleta só pode acontecer quando o atleta completa 15 anos e 6 meses. Vemos uma prática comum de agentes e agências captando atletas menores que essa idade permitida. Tenho conversado muito com dirigentes de clubes e alguns amigos empresários, e sinceramente acho que algo tem que ser feito nesse sentido.

Nossa atuação tem sido muito mais a partir do sub-17, onde os atletas já têm um pouco mais de maturidade e disputam competições nacionais com maior visibilidade. No entanto, nos últimos anos, nosso foco tem sido mais em atletas profissionais e já posicionados.