Problema para o São Paulo na sequência da temporada! Acusado de xenofobia durante confronto contra o Talleres, pela Libertadores, Bobadilla pode ter punição pesada. O episódio aconteceu durante uma discussão do paraguaio com Miguel Navarro, que defende o time argentino. Na ocasião, o venezuelano deixou o gramado chorando e logo após prestou depoimento.
Conforme consta no regulamento da Conmebol, se for confirmado caso de xenofobia o atleta será suspenso por pelo menos quatro meses, seguindo o artigo 15.
“Qualquer jogador ou oficial que insultar o atentar contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por qualquer meio, tendo como motivos a cor da pele, raça, sexo ou orientação sexual, etnia, idioma, credo ou origem, será suspenso por pelo menos dez (10) partidas ou por um período mínimo de quatro (4) meses.”
– Artigo 15, regulamento Conmebol
O São Paulo Futebol Clube, por meio desta nota oficial, reafirma seu compromisso com os princípios de respeito, igualdade e inclusão, pilares fundamentais que norteiam suas atividades esportivas e institucionais. Em face dos acontecimentos ocorridos durante a partida contra o Club Atlético Talleres, válida pela CONMEBOL Libertadores, o Clube informa que está acompanhando atentamente a apuração dos fatos pelas autoridades competentes, colaborando integralmente com as investigações em curso.
O São Paulo FC reitera que repudia veementemente qualquer manifestação de discriminação, preconceito ou intolerância, seja ela de natureza racial, étnica, nacional ou de qualquer outra forma. O Clube permanece à disposição das autoridades e das entidades esportivas para quaisquer esclarecimentos adicionais e reforça seu compromisso contínuo com a promoção de um ambiente esportivo pautado pelo respeito mútuo e pela dignidade humana.
Em relação ao nosso atleta Bobadilla, que, ao longo de sua carreira, não apresentou histórico de conduta disciplinar negativa – ao contrário, sempre pautou sua trajetória pelo profissionalismo – entendemos ser fundamental que o Clube ofereça suporte institucional. O Clube providenciará que ele seja devidamente orientado por meio de medidas educativas que serão conduzidas pela área de compliance.
Durante o duelo Brasil-Argentina no Morumbis, Navarro discutiu com Bobadilla e tentou deixar o gramado antes do apito final. Todavia, o árbitro Piero Maza interferiu e o atleta seguiu em campo, mesmo chorando. Após o encerramento, o venezuelano foi questionado sobre o acontecido, mas não entrou em detalhes.
“É realmente lamentável falar deste tipo de coisa, mas quando eles fazem o 2 a 1, Luciano estava dando praticamente uma volta no campo e eu disse ao árbitro que se apresasse, que necessitamos jogar. O Bobadilla me disse: ´Vocês sempre fazem cera´. E eu respondi: ´Como assim, vocês estão ganhando?´. Aí ele me chamou de venezuelano morto de fome e fiz a denúncia. Eu quis sair de campo, mas lamentavelmente não tínhamos mais substituições, pelo trabalho dos meus companheiros eu não quis sair e deixá-los com um a menos, mas minha cabeça não estava mais no jogo.”
– Miguel Navarro
Já na zona mista, o jogador do Talleres afirmou que foi vítima de xenofobia e revelou que Bobadilla proferiu as seguintes palavras: ‘venezuelano morto de fome’. Assim, Navarro prestou depoimento no Juizado Especial Criminal no estádio e registrou um boletim de ocorrência. Os oficiais até se deslocaram até o vestiário dos mandantes, mas o paraguaio já tinha deixado o local. Segundo apuração do UOL, a Conmebol só se manifestará após analisar todos os depoimentos.
A Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) da Polícia Civil de São Paulo classificou o caso como injúria racial. Bobadilla será intimado a depor, como informou o delegado Rodrigo Correa Baptista, e o clube se reuniu com ele para entender o caso. A princípio ele continua treinando normalmente.
“Esperamos que ele compareça. Foi intimado para estar aqui na próxima sexta-feira, no período da tarde. Também solicitamos imagens ao São Paulo e agora, precisamos confrontar tudo isso com as imagens que vão chegar, se identificamos algum jogador que no momento estava próximo do Navarro e do Bobadilla e ver eventuais versões de outras pessoas. A vítima, que é o Navarro, foi encaminhada à delegacia, ouvimos ele. Falou que ouviu essa frase em espanhol do Bobadilla. Duas testemunhas confirmaram a versão da vitima. O árbitro disse que não presenciou nada do ocorrido, só antes ou depois do episódio. Os policiais militares foram ouvidos também. Agora precisamos ouvir o Bobadilla. É importante (…) É um fato grave, está sendo apurado e o Estado tem de encaminhar essa investigação. É parte importante a oitiva dele, inclusive interesse próprio dele enquanto investigado se defender disso. A gente espera e acredita que por ser um atleta profissional de um grande clube, eles não vão se opor, criar qualquer tipo de situação para atrapalhar a investigação criminal, até porque seria uma medida irracional que só vai atrapalhar a vida do investigado”, afirmou.
O que Bobadilla falou sobre o caso de xenofobia?
“Foi um jogo muito quente, um clima tenso durante todo o jogo. Depois do nosso segundo gol, tive uma troca de palavras com o jogador do Talleres onde fui ofendido primeiro, ele também me tratou com desprezo. Nunca tive a intenção de discriminar ninguém, mas durante aquele momento quente acabei reagindo mal. Queria me desculpar publicamente e pedirei desculpa se encontrá-lo pessoalmente. Desculpas e abraço a todos“, declarou Bobadilla, camisa 21 do São Paulo, nesta quarta-feira (28).