Clubes da Conmebol veem racismo como parte de clima bélico com brasileiros, analisa especialista
Os recorrentes casos de racismo nas competições Conmebol escancaram que a entidade que comanda o futebol sul-americano está longe de criar meios de acabar com os inúmeros casos lamentáveis que acontecem anualmente. Prova disso foi a branda punição que deu ao Cerro Porteño pelo caso Luighi e, nesta segunda-feira (17), durante sorteio dos grupos da Libertadores e Sul-Americana, uma ironia do presidente Alejandro Dominguez sobre o assunto gerou polêmica.
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– A frase (do presidente da Conmebol) mostra o quanto a gente ainda precisa falar sobre racismo, o quanto a gente ainda precisa dizer, repetir, que racismo não é só um insulto e um xingamento. Tem tantas outras frases que são ditas em relação ao povo preto, que também é racismo. E aqui tem mais um outro ponto: também mostra o quanto o debate sobre racismo no Brasil está muito à frente de outros países – afirmou Marcelo Carvalho.
– O que que é racismo para a maioria das pessoas, quando a gente está dizendo que Paraguai, Argentina, Uruguai, tantos outros países, o xingamento de “macaco”, o gesto para eles é cultural e não racismo, mostra que o debate sobre racismo precisa avançar muito mais – disse o jornalista.
Sobre a possibilidade de a Conmebol entender e passar a punir de forma severa as equipes que cometerem atos racistas, seja em campo ou através de suas torcidas, Marcelo Carvalho acredita que tudo precisa começar a partir de conversas.
– Eu acho que tem como intensificar chamando esses clubes para mesa de conversa, chamar instituições como Observatório na Argentina, no Uruguai, no Paraguai que tratem da discriminação para que a gente consiga que todos os países falem a mesma língua. É necessário que haja um encontro dos clubes, das federações, para que todo mundo saiba do que está sendo tratado – afirmou.