Desde quando o futebol é profissional no Brasil?
O futebol no Brasil passou por uma longa transição entre o amadorismo e o profissionalismo. Desde sua popularização na década de 1920 até a regulamentação oficial do profissionalismo na década de 1930, o esporte foi alvo de debates e mudanças estruturais que transformaram a modalidade na grande paixão nacional. O Lance! te conta sobre o futebol profissional no Brasil.
Durante a década de 1920, o futebol no Brasil começou a se expandir e conquistar um público cada vez maior. O crescimento da popularidade do esporte fez surgir uma questão importante: a transição do amadorismo para o profissionalismo. Enquanto a elite esportiva defendia o futebol como um lazer sem fins lucrativos, a prática do esporte entre operários começou a demonstrar uma nova realidade.
Os primeiros indícios de remuneração dos jogadores surgiram em clubes operários. Empregadores perceberam que incentivar o futebol entre seus trabalhadores trazia benefícios tanto para a imagem das fábricas quanto para a produtividade dos funcionários. Assim, atletas passaram a receber incentivos como prêmios em dinheiro, folgas para treinar e trabalho menos pesado dentro das fábricas. Esse modelo foi denominado de “operário-jogador” e marcou os primeiros passos do profissionalismo velado no país.
O Vasco da Gama e a revolução no futebol brasileiro
O futebol, que antes era praticado majoritariamente por membros da elite brasileira, passou a ser cada vez mais acessível às classes populares. O surgimento de times formados por trabalhadores e pessoas de baixa renda foi fundamental para a transformação do esporte. Clubes como o Bangu, que possuía forte ligação com a indústria têxtil, foram pioneiros nesse processo ao inserir jogadores operários em suas equipes.
Em 1923, o Vasco da Gama revolucionou o futebol carioca ao conquistar o Campeonato Carioca com um time composto por operários, negros e jogadores de baixa renda. O sucesso do clube incomodou a elite do futebol, que via com resistência a inclusão de classes populares no esporte. Como resposta, a Liga Metropolitana dos Desportos Terrestres (LMDT), dominada por clubes tradicionais, impôs novas regras que excluíam jogadores sem emprego formal, analfabetos e aqueles que tiravam sua renda de trabalho manual.
O Vasco, no entanto, recusou-se a se desfiliar de seus jogadores e respondeu com a “Resposta Histórica”, uma carta em que reafirmava seu compromisso com a inclusão no futebol. Esse episódio marcou um dos primeiros confrontos diretos entre amadorismo e profissionalismo no Brasil.