Morre Sebastião Salgado, fotógrafo que um dia foi 'salvo' por Pelé

Morre Sebastião Salgado, fotógrafo que um dia foi 'salvo' por Pelé


Morre Sebastião Salgado, fotógrafo que um dia foi ‘salvo’ por Pelé

Considerado o maior fotógrafo brasileiro de todos os tempos e um dos mais importantes do mundo, Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris. O fotojornalista era conhecido pela sensibilidade com que retratava a vida humana, a natureza e as condições de trabalho, sempre com fotografias em preto e branco. Para isso, fazia expedições para lugares remotos e perigosos, e numa dessas incursões, durante o genocídio de Ruanda, em 1994, foi salvo ao anunciar que vinha “da terra do Pelé”.

Naquele ano, cerca de 800 mil pessoas foram mortas em apenas 100 dias em Ruanda. O massacre foi provocado por extremistas hutus contra a minoria étnica dos tutsis, além de adversários políticos.

Sebastião Salgado fazia registros do campo de refugiados tutsis na Tanzânia e estava em deslocamento para a fronteira com Ruanda para documentar a fuga dos tutsis.

Sebastião Salgado em Papua Nova Guiné, em 2008

— Vejo um grande grupo de pessoas saindo de dentro da savana, a pé. Parei o carro e perguntei de onde eles vinham. Estavam cruzando o Rio Kagera, que é um rio que separa os dois países. Consegui ali um guia que falava francês, que era a língua de Ruanda, e nós seguimos em direção contrária ao que o grupo estava saindo — contou certa vez Sebastião Salgado, em entrevista a Jô Soares.

— Fizemos 10 quilômetros a pé e chegamos na beira do rio. Era uma coisa terrível, o número de mortos que passavam no rio, era incrível. Eu via que chegava um barco cheio de gente, um barco a remo, e voltava vazio. Aí eu comecei, com o meu tradutor, a solicitar às pessoas se eu podia voltar nesse barco, que eu queria fazer o que estava acontecendo do outro lado. Eles me informaram que estava havendo uma chacina do outro lado. E naquele momento eu olho para o meu tradutor, e ele estava pálido: nós estávamos cercados por umas 10 pessoas, com os facões na mão — lembrou o fotojornalista.

De acordo com Sebastião Salgado, o tradutor falou que eles iram ser mortos porque os homens armados achavam que o fotógrafo era francês. E os franceses eram aliados dos tutsis



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