Opinião: Palmeiras perde sem levar perigo a uma defesa irretocável do Corinthians
Uma final de Campeonato Paulista marcada pelas brigas e discussões, como todo Derby tende a ser, mas que escondeu atrás desta cortina de fumaça uma batalha de táticas e estratégias contrastantes de Corinthians e Palmeiras.
Abel Ferreira, por exemplo, propôs uma mudança clara na formação do Palmeiras: jogou no 3-5-2. Piquerez era o zagueiro pela esquerda, ao lado de Micael e Murilo. Facundo recuou para ser ala por aquele lado, tendo Mayke avançado para fazer o mesmo no corredor oposto. Aníbal, Emiliano e Veiga compunham o meio-campo, enquanto Estevão, neste desenho, jogava mais próximo de Vitor Roque.
A ideia do Corinthians, defensivamente, era ter um zagueiro na sobra, enquanto os outros dois marcariam individualmente Memphis e Yuri Alberto, permitindo que acontecessem dobras na marcação e podendo reagir melhor às tabelinhas da dupla de ataque – pelo menos na teoria. Ao mesmo tempo, Garro, Carrillo e Martinez seriam acompanhados de perto pelos meias palmeirenses, e os alas bateriam de frente com a subida dos laterais adversários, sempre presentes no ataque.
Na prática, as movimentações constantes e o entrosamento do ataque corinthiano superaram, quase sempre, as tentativas de conter os contra-ataques. Não à toa, saíram de campo com a memória de uma bola perigosa do Garro na trave e uma finalização do Yuri na cara do gol.
A sensação, na realidade, era que o Palmeiras precisava escalar uma montanha para levar perigo ao gol adversário, enquanto o Corinthians conseguia o mesmo efeito após algumas poucas associações no ataque.
A trilha que o Abel escolheu seguir foi aproveitar os espaços que naturalmente existiam, por causa do seu desenho tático, nos corredores laterais do Corinthians. Uma vez que nem Garro, Memphis ou Yuri tinham a função de voltar para recompor a marcação na linha de meio-campo, os três volantes alvinegros ficaram encarregados “sozinhos” da função.