Organização feminista condena absolvição de Daniel Alves: ‘Desserviço’
Daniel Alves foi absolvido nesta sexta-feira (28), após mais de dois anos de acusação de abuso sexual. Antes condenado por estupro, o ex-jogador teve a sentença anulada pela Justiça da Espanha por insuficiência de provas. O cenário gerou revolta nas redes sociais e a “Direto dela”, organização feminista, se pronunciou oficialmente contra a decisão da corte.
Em uma carta aberta, a organização condenou a postura do tribunal espanhol. Para a instituição, a anulação da condenação foi um desserviço para os direitos das mulheres. Em argumentação sobre o caso, a “Direto Dela” citou algumas provas conclusivas do processo do jogador.
“O médico legista confirmou que havia sinais compatíveis com os de luta; havia sêmen de Daniel alves no corpo da mulher; e ele mudou sua versão literalmente 5x. Nada disso foi suficiente.
A absolvição de Daniel Alves pela Justiça espanhola é um desserviço para todas as vítimas de violência sexual. Esse caso explicita, de forma cruel, todos os níveis de revitimização a que uma mulher é submetida ao denunciar um estupro.
A vítima, mesmo optando pelo anonimato, foi exposta pública e violentamente. A mãe do jogador revelou sua identidade, um ato que, por si só, já é uma forma de agressão psicológica e pressão social. Mas não parou por aí: a palavra da mulher foi sistematicamente desacreditada, inclusive pela própria Justiça, que, mesmo diante de um caso onde apenas duas pessoas estavam presentes – um homem e uma mulher -, optou por invalidar o relato da vítima e anular a sentença.
Não é apenas no Brasil que a palavra de um homem tem mais peso do que a de uma mulher. A absolvição de Daniel Alves na Espanha demonstra como o sistema de justiça, em qualquer lugar do mundo, se recusa a reconhecer a voz das vítimas de estupro como suficiente para condenar um agressor.