Queiroz diz que Portugal está em “momento crítico” sobre sucessão de CR7 e apoia Amorim
O técnico deixou elogios à “nova geração de jogadores”, mas sublinhou a importância de tomadas imediatas de posição para evitar um declínio.
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“Ainda temos as ilusões que os últimos anos nos habituaram, mas acho que estamos próximos de um momento muito crítico. Mais cedo ou mais tarde, vamos ter de enfrentar a decisão da saída de um jogador genial, que marcou o futebol português, o Cristiano.
“As grandes decisões para o futuro têm de ser tomadas agora para evitar que a seleção entre num declínio. Temos uma nova geração que pode ser garantia de sucesso, mas, se entrarmos em declínio, voltar ao topo torna-se mais difícil“, lembrou.
Para isso, o treinador pede uma visão mais abrangente da formação de jogadores. “Temos de recapitular todo o processo de formação de jogadores e detecção dos clubes. É preciso ter decisões mais abrangentes no potencial de jogadores que chegarão à seleção. Há que rever os quadros competitivos para tornar os jogadores mais dinâmicos.
“Temos também de aumentar o número de jogadores em Portugal. Não vejo nenhuma razão para não termos 300 ou 400 mil jogadores efetivos. Quantos mais forem, mais poderemos esperar que a genética das mães e pais de Figo e Ronaldo continue por aí“, analisou.
A situação de Amorim
Tendo passado pelo Manchester United, como assistente de Alex Ferguson, entre 2002 e 2008, além de ter sido técnico principal do Real Madrid na temporada 2003/2004, Carlos Queiroz é conhecedor da realidade do clube inglês e abordou o percurso de Ruben Amorim.
“Ele saberá os caminhos que tem de traçar. Este momento do Ruben me lembra o período do declínio que nós passámos em 2004. O Manchester United é um clube com características muito especiais, com uma cultura muito própria, envolvido com a mentalidade e o ambiente da classe trabalhadora. Ao longo dos últimos anos, o clube deixou de estar acima de tudo e todos, começou a acontecer pequenos reinados de jogadores. Reverter isto demora tempo“, constatou.
Tempo perdido
Para Queiroz, o momento delicado dos Red Devils já dura desde a saída de Ferguson, em 2013, que ficou no comando do clube por 23 anos.
“Vários grandes treinadores que chegaram depois de Ferguson não perceberam a filosofia do clube e o legado do passado técnico. Quando Ferguson sai, não é uma ameaça, porque ele se aposentou, não havia o risco de que voltasse para o mesmo lugar. Nenhum treinador tinha de sentir esse peso ou sentir-se ameaçado. Penso que os sucessores tentaram esquecer o passado ao invés de aproveitá-lo“, avaliou.
Banco de reservas ou bastidores
Questionado sobre o seu futuro, o treinador revelou que tem recebido muitas propostas, ainda sem saber se regressa aos bancos ou se assume “outras funções no futebol”, deixando a decisão para junho.
“Na próxima etapa, eu tinha em mente de ser o primeiro treinador da história do futebol a conseguir cinco classificações para a Copa. Mas, quando a FIFA fez a reestruturação para englobar tantas seleções, acho que o difícil agora é não classificar. Tirou-me um pouco esse desafio“, lamentou.