Tragédia de Heysel, 40 anos depois: a importância da memória contra o revisionismo e os oportunistas

Tragédia de Heysel, 40 anos depois: a importância da memória contra o revisionismo e os oportunistas


Quarenta anos depois, este especial resgata relatos e preserva a memória das 39 vítimas do massacre de Heysel, ocorrido em 29 de maio de 1985

A tradução em inglês de “tarlo nell’orecchio” é “earworm”: literalmente, “verme no ouvido”. Uma tradução que, neste caso, parece cair como uma luva: uma melodia suja e rastejante, incômoda, mas que, de tanto ser repetida, encontra espaço para entrar pelo ouvido e se transformar em um pensamento intrusivo. E, de repente, você se pega pensando: será que, talvez, eles não tenham um pouco de razão? Será que quem critica a Juventus por ter dado a volta olímpica no Estádio de Heysel, em 29 de maio de 1985, não tem ao menos um ponto? E o que dizer dos sorrisos arrancados de alguns fotogramas ou da taça erguida no retorno a Turim?

Pensamentos intrusivos como esses são fruto do revisionismo histórico e do processo de culpabilização das vítimas. Eles encontram brechas com facilidade quando a armadura da memória começa a rachar — especialmente para quem sequer havia nascido em 1985. Por isso, sentimos a necessidade de criar um sistema de defesa e, ao apresentar o trabalho das últimas semanas, contribuir para lubrificar os mecanismos da memória coletiva. Cuidar da lembrança é essencial, porque dar o massacre de Heysel como uma memória garantida abre espaço para quem quer explorá-lo com oportunismo.

Começamos justamente com a pergunta: por que lembrar? E fizemos isso ao lado de Andrea Lorentini — filho de Roberto, uma das 39 vítimas —, que hoje preside a Associação dos Familiares das Vítimas de Heysel. Ouvimos também os relatos de quem, na noite de 29 de maio, queria apenas disputar uma final da Copa dos Campeões: Massimo Bonini e Massimo Briaschi. Durante o Salão do Livro, colhemos o depoimento de Sergio Brio, revoltado com aqueles que, ainda hoje, tentam manchar a imagem da Juventus. E, para concluir, pedimos ajuda a quem esteve lá em 1985 como aspirante a jornalista e que, ao longo de sua trajetória, nunca deixou de defender e manter viva a memória: Emilio Targia.

Segundo nossos amigos italianos do Il Bianco Nero, portal especializado na cobertura da Juventus, tudo começou com uma pergunta: qual é o sentido da memória, quarenta anos depois? Entenderam que, hoje mais do que nunca, remendar e manter unidos os fios das lembranças é uma forma de autodefesa coletiva. É uma maneira de traçar um limite claro: nós e eles — onde “eles” são os que tentam reescrever a história.

Eles agradeceram a todos que ajudaram nessa jornada, e também àqueles que, todos os dias, se dedicam ao trabalho constante de preservação da memória.

Nesse especial, você vai ver:

  • A entrevista com Andrea Lorentini, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas de Heysel
  • O testemunho de Massimo Bonini, ex-jogador da Juve presente naquela noite trágica, e de Massimo Briaschi, também em campo em 29 de maio de 1985
  • O relato de Emilio Targia, que estava nas arquibancadas durante o massacre de Heysel



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